Informações precisas sobre a incidência e prevalência de transtornos de ansiedade é difícil de obter; uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Estatística (ONS 2000) constatou que 164 pessoas de um total de 1000 teve um distúrbio neurótico na semana anterior à entrevista, o que representa cerca de 1 a cada 6 de todos os adultos. Os autores descobriram que o distúrbio neurótico mais prevalente entre a população como um todo foi de ansiedade mista e transtorno depressivo (88 pessoas a cada 1.000).
Os transtornos de ansiedade incluem transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, fobias, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e transtorno de estresse pós-traumático. Podem ter origem crônica e causar sofrimento considerável e deficiência; se não tratada, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade.
Pode causar sintomas emocionais, tais como a preocupação, distúrbios do sono, irritabilidade e falta de concentração e também sintomas físicos, como sudorese, náuseas, diarreia, boca seca, palpitações, falta de ar, tonturas, mãos frias, tensão muscular e dores, tremores. Além disso, os sintomas de muitas condições físicas podem agravar o estresse, por exemplo, síndrome do intestino irritável, enxaquecas e dores de cabeça tensionais, e dor nas costas.
Tratamentos reconhecidos como úteis para transtornos de ansiedade incluem terapias psicológicas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e aplicação de de medicação, como alguns antidepressivos e benzodiazepínicos. Todos os tratamentos com medicamentos têm efeitos colaterais, e muitos podem causar a retirada ou a suspensão de sintomas.
A melhor evidência para a eficácia da acupuntura vem em situações de ansiedade aguda específicas, tais como operações médicas ou odontologia.
Não é surpreendente que exista pouca pesquisa com foco principal na acupuntura para o transtorno de ansiedade generalizada. Esses estudos publicados até o momento são, em sua maioria, pequenos e metodologicamente falhos, daí a relutância dos pesquisadores de tirar conclusões.
Há também resultados positivos preliminares para o tratamento da ansiedade crônica associada com transtorno de estresse pós-traumático, abuso de substâncias, distúrbios alimentares, hiperventilação, asma, insônia, pós-acidente vascular cerebral, dor músculo-esquelética e várias outras condições em que a ansiedade foi medida como um resultado secundário e não primário.
Embora a evidência geral seja irregular, existe uma direção positiva, que se deve ao baixo nível de efeitos colaterais da acupuntura e falta de resultados que comprovem a melhor eficiência de outras intervenções. Por isso, a acupuntura pode ser considerada como uma possível opção terapêutica.
Em geral, acredita-se que a acupuntura pode estimular o sistema nervoso e provocar a liberação de moléculas mensageiras neuroquímicas. As alterações bioquímicas resultantes influenciam os mecanismos homeostáticos do corpo, promovendo, assim, o bem estar físico e emocional.
Evidências da acupuntura
A pesquisa mostrou que o tratamento com acupuntura pode beneficiar especificamente os transtornos de ansiedade e sintomas de ansiedade através da:
Atuação em áreas do cérebro conhecida por reduzir a sensibilidade à dor e estresse, bem como promover relaxamento e desativar o cérebro ‘analítico’, que é responsável pela ansiedade e preocupação.
Regularização dos níveis de neurotransmissores ou os seus moduladores e hormônios, tais como a serotonina, a noradrenalina, a dopamina, o GABA, neuropéptido Y e ACTH; portanto, alterando a química do humor do cérebro para ajudar a combater os estados afetivos negativos
Estímulo da produção de opióides endógenos que afetam o sistema nervoso autônomo. O estresse ativa o sistema nervoso simpático, enquanto que a acupuntura pode ativar o sistema nervoso parassimpático, que estimula o relaxamento.
Inversão de alterações patológicas nos níveis de citocinas inflamatórias associados com a ansiedade.
Inversão de mudanças induzidas pelo estresse no comportamento e bioquímica.
Conclusão
A acupuntura pode ser combinada com segurança com tratamentos convencionais, tais como medicamentos ou terapia psico-educacional, que podem ajudar ainda mais a melhorar os efeitos benéficos e reduzir os efeitos colaterais indesejados.
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